A Medida Exata do Meu Desejo Proibido
Há um tipo de fome que não se sacia à mesa. É uma pulsão que nasce no silêncio, na ausência, no contraste entre um corpo que arde e uma rotina que congela. Para mim, essa fome se tornou uma companheira constante, uma voz que sussurrava nos espaços vazios deixados por um casamento morno e viagens de negócios. Foi essa voz que me guiou para o anonimato dos chats online, um universo onde eu não era a esposa, a profissional, a mulher de sobrenome e aliança, mas apenas Helena. Um nome, um corpo, um desejo. E foi ali, na vastidão digital, que encontrei a promessa de algo que quebraria todas as minhas regras: um homem que era o oposto de tudo que eu acreditava querer, mas a encarnação de tudo que meu corpo secretamente pedia.
A frustração é um afrodisíaco perigoso. Depois de um encontro decepcionante, que me deixou com o corpo aceso e a alma vazia, minha busca se tornou mais afiada, mais primitiva. Eu já não procurava companhia; eu caçava uma sensação. A lembrança de um antigo amante, da forma como seu corpo preenchia o meu até o limite, havia se tornado uma obsessão. Eu fantasiava com o excesso, com a rendição, com a perda total de controle. Foi nessa busca febril que seu nome de usuário surgiu na tela, direto e sem rodeios: “Marcos25”.
A troca de mensagens foi breve, quase rústica. Sua escrita era despojada de qualquer elegância, suas palavras eram curtas, diretas, quase brutas. Ele era o antônimo do homem sofisticado que eu costumava idealizar. No entanto, havia uma honestidade crua em sua abordagem que me incendiou de uma forma inesperada. A promessa contida em seu nome e a forma como ele a descrevia — "duro, grosso como meu pulso" — despertaram em mim uma curiosidade visceral, uma onda de calor que silenciou a lógica e deu voz ao instinto.
Combinamos. O plano era arriscado, quebrava minha regra de ouro de nunca me encontrar com homens da minha cidade. Mas o perigo era parte do tempero. Esperei por ele no estacionamento de um hotel onde eu fingia estar hospedada, o coração martelando contra as costelas, uma mistura de medo e excitação elétrica. Quando seu carro simples parou, e eu vi seu rosto pela primeira vez — a cabeça raspada, a barriga proeminente, os olhos que se arregalaram como se tivessem visto uma miragem —, a realidade do contraste me atingiu. Ele não era bonito. Mas a fome em seu olhar era. Uma fome descarada, que me via não como uma mulher, mas como um prêmio, um milagre.
No caminho para um motel discreto no Park Way, o ar no carro era denso. O cheiro de tecido simples, o sotaque carregado dele, seus elogios desajeitados, tudo criava uma atmosfera de transgressão. Eu, com meu vestido de seda azul e saltos, sentia-me uma peça fora do lugar, e era exatamente essa dissonância que me deixava perigosamente úmida.
O quarto era um santuário do efêmero: limpo, funcional, com uma cama redonda coberta por lençóis imaculados. Assim que a porta se fechou, a tensão se tornou palpável. Ele se aproximou, a respiração pesada, a intenção clara. Quando tentou me virar para um beijo, minha voz saiu baixa e firme, cortando o ar:
— Não precisa me beijar.
Foi um decreto, não um pedido. Ele entendeu. Ali, de costas para ele, senti suas mãos grandes e ásperas pousarem na minha cintura. Não havia delicadeza, mas havia uma reverência faminta. Seus dedos subiram pela seda do meu vestido, contornando minhas curvas, enquanto sua outra mão encontrava meu seio, apertando-o com uma posse que me fez prender a respiração. Seu corpo se colou ao meu, e a dureza de sua ereção pressionou minhas costas através do tecido de sua calça. Com um gesto único, ele desceu meu vestido e minha calcinha, que caíram aos meus pés como uma pele antiga.
Eu estava nua, exceto pelos saltos, de costas para um estranho. Seu olhar queimava em minha pele. Ele me virou devagar, e a visão do meu corpo pareceu roubar-lhe o ar. A admiração em seus olhos era crua, desprovida de poesia, mas carregada de uma verdade inegável.
Foi quando me ajoelhei. Quando sua calça caiu, a realidade de sua promessa se materializou, imponente, pesada, pulsante. Era mais do que eu imaginara. Minha boca secou, meu centro latejou. Segurei-o com as duas mãos, sentindo o calor e o peso daquela carne viva. Levei meus lábios à sua pele, em um ato que era, ao mesmo tempo, exploração e adoração. Cada centímetro que minha garganta aceitava era uma nova fronteira de entrega.
— Assim você me mata, mulher… — ele gemeu, a voz rouca, puxando minha cabeça com firmeza antes de perder o controle.
Ele me levou para a cama, e sua boca encontrou meu centro com a sede de um peregrino no deserto. Sua língua era experiente e implacável. Seus dedos me abriram, me exploraram, me levaram ao limite, mas ele parou um instante antes do abismo, o rosto brilhando.
— Se você gozar agora, vai desmaiar. Deixa eu sentir mais.
Ele me puxou para cima dele, e nos entregamos a um balé suado e urgente, nossas bocas ocupadas em um ciclo de dar e receber prazer. Eu estava no limite, o corpo tremendo, quando senti a explosão se aproximar.
— Goza pra mim… — ele sussurrou contra minha pele. — Goza toda.
E eu fui. Uma onda violenta, que me rasgou de dentro para fora, um grito abafado que se perdeu em seu corpo. Ele continuou a me provar, como se quisesse beber minha alma, enquanto eu tremia, exausta e insaciável.
— Agora é minha vez de te desmontar.
Ele me colocou de quatro. Apoiada nos cotovelos, o rosto enterrado no travesseiro, senti a pressão em minha entrada. Ele me invadiu devagar, centímetro por centímetro, preenchendo cada espaço vazio dentro de mim até que não houvesse mais nada além dele. A sensação era de plenitude e dor, de rendição e poder. O ritmo começou, fundo e constante. A cama rangia, o som de nossas peles se chocando ecoava no quarto.
— Você é toda fina… mas geme como se não houvesse amanhã — ele disse, e a vulgaridade da frase me atravessou como um raio, transformando-se instantaneamente em combustível.
— Cala a boca e continua — respondi, e ele riu, uma risada gutural de vitória.
Meu corpo começou a ceder, mas ele não permitia. Cada vez que eu tentava escapar da intensidade, escorregando para a frente, ele me puxava de volta pelo quadril, com uma força possessiva.
— Foge não… — ele rosnava, a frase se tornando um mantra. — Tu pediu… agora aguenta. Essa porra é minha agora.
Eu não fugia mais. Eu me entreguei à tempestade, ao ritmo avassalador que me levava para um lugar além do pensamento. Seu corpo inteiro se tencionou, um gemido grave escapou de sua garganta, e ele se derramou dentro de mim, quente e pesado. Ficamos ali, misturados, ofegantes. Mas o fogo em mim ainda não havia se apagado. Sua mão escorregou entre minhas pernas e, com toques precisos, ele me empurrou para o segundo abismo, um orgasmo que veio como um eco do primeiro, longo e profundo.
Quando ele me virou, o pau ainda dentro de mim, e começou a cavalgar, eu sabia que estávamos reescrevendo as regras. Sua segunda liberação veio sobre meu corpo, um mapa líquido e quente que marcou minha pele da barriga ao colo. Ele desabou ao meu lado, olhando para sua obra com um misto de exaustão e assombro.
— Caralho… que mulher.
E eu sorri, sem forças, o corpo dizendo tudo o que as palavras não podiam.
No caminho de volta, o silêncio era confortável. Ele falou de sua vida, dos filhos, de um casamento de 25 anos. Um homem comum, com uma vida comum, que por duas horas havia sido o dono do meu universo. Antes de me deixar, ele me olhou, o espanto ainda dançando em seus olhos. “Sabe”, disse ele, “eu já vivi um bocado. Mas o seu jeito… você deixa a gente entrar de verdade, sem medo. E ainda sorri depois. Isso é raro.” Suas palavras, simples e honestas, me tocaram mais do que qualquer elogio elaborado. Ele foi embora, e eu fiquei, sentindo o eco de sua presença em mim. Naquele dia, eu não encontrei apenas um corpo capaz de me preencher fisicamente. Encontrei a prova de que o desejo mais potente é aquele que nos desnuda não apenas da roupa, mas das nossas próprias máscaras, nos obrigando a encarar a verdade crua e faminta que habita por trás do espelho. E essa verdade, descobri, tem um sabor inesquecível.




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