Da Rotina ao Orgasmo
Há encontros que não se planejam. Que nascem entre um olhar e outro, entre o roçar de dedos e a respiração suspensa. E há mulheres que carregam em si a chama do desejo como quem traz uma história antiga, escrita na pele, nos gestos e até no silêncio. Vera era assim — uma mulher que havia aprendido a viver com os próprios desejos, mesmo quando eles pareciam gritar mais alto que as convenções. Divorciada, determinada, elegante, mas ferozmente sensual, ela caminhava por um mundo que insistia em rotulá-la sem entendê-la. Até que cruzou novamente com Rodolfo, e o destino decidiu brincar de tentação.
Rodolfo era jovem, sim, mas não inexperiente. Tinha o porte de quem sabe o que quer, e os olhos de quem já pressentiu o gosto da sedução antes mesmo de provar. No escritório do advogado, onde tudo começou, ele soube esperar o momento certo — aquele em que o acaso se torna convite. Serviu-lhe um café quente, feito com cuidado, como se cada movimento fosse uma promessa velada. A conversa fluía leve, mas os olhares eram pesados, densos de intenção. Quando Vera saiu, deixou rastros — não apenas de perfume, mas de algo mais difícil de definir: desejo, talvez? Ou simplesmente curiosidade?
A ligação veio cedo. Um documento esquecido, um pretexto perfeito. Ela aceitou, claro. Usava uma bermuda justa e uma camisa leve, o suficiente para sugerir sem revelar. Abriu a porta e o viu ali, parado, com o papel estendido como um presente menor diante do que ambos sabiam que viria. Sentaram-se, beberam uísque sob a luz baixa. As palavras foram ficando escassas, substituídas por toques, sussurros, suspiros. Ele ousou primeiro, passando os dedos pelas suas coxas como quem explora um território novo e fascinante. Vera sorriu, deixando-se levar. Era isso o que queria. Era isso o que precisava.
O quarto foi alcançado num impulso mútuo, quase selvagem. Roupas voavam, corpos se encontravam, mãos buscavam lugares que nem sequer tinham nome ainda. Foi rápido, urgente, como uma tempestade que não avisa antes de cair. Mas não foi vulgar. Havia poesia na forma como Rodolfo a beijava, na maneira como explorava sua pele como se cada centímetro dela fosse um segredo a ser descoberto. E Vera, por sua vez, retribuía com entrega total — seus lábios molhados, sua língua ágil, seu corpo inteiro falando uma língua antiga e universal: o prazer.
Quando ele entrou nela, foi como se o tempo tivesse parado. Cada movimento era uma explosão de sensações, cada gemido ecoava como um pedido por mais. Ela sentia o peso do seu desejo, a força do seu abandono. "Chupa meu amor, minha vadia”, ele murmurava ao pé do ouvido, e aquelas palavras, tão cruas, soavam como música. Porque ali, naquela noite, não havia espaço para modéstia, para regras ou remorsos. Só existia o calor dos corpos, o suor misturado, o gozo crescendo em ondas sucessivas.
E quando finalmente vieram os espasmos do clímax, Vera perdeu-se completamente. Gritava sem vergonha, pedia mais, pedia tudo. Queria sentir o homem inteiro dentro dela, queria ser tomada até o limite, até que não restasse mais nada senão a entrega absoluta. E ele correspondeu. Com força. Com paixão. Com um jorro quente que marcava o fim e o começo de algo novo.
No silêncio que seguiu, enquanto o suor secava e as batidas do coração se acalmavam, Vera sentiu-se estranhamente plena. Não pela conquista, nem pelo prazer físico — mas por ter sido, enfim, verdadeiramente ela mesma. Sem máscaras, sem explicações. Apenas uma mulher que escolheu seguir o desejo, sem medo de pecar.
Rodolfo adormeceu ao seu lado, braços em volta de seu corpo. E ela, fitando o teto, pensou: talvez o destino nunca tenha sido virtude. Talvez ele sempre tenha sido esta dança entre o certo e o proibido, entre o que se espera e o que se sente. E, pela primeira vez em muito tempo, sorriu. Não com arrependimento, mas com a certeza de que, às vezes, o melhor caminho é aquele que começa com um olhar e termina com entrega.
Sim, o destino é pecar.
E ela, definitivamente, estava disposta a errar quantas vezes fossem necessárias.




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