O Menino Que Virou Meu Macho
Há lugares que nos abrigam, mas também nos aprisionam. Onde a respiração do outro se mistura ao nosso pulso e cada gesto carrega um peso antigo. É nesse equilíbrio tênue entre dever e desejo que uma mulher descobre que o menino que criou é agora um homem cuja presença faz tremer algo mais profundo do que o corpo — algo que dormia em silêncio e desperta sem aviso.
Ela não esperava por isso. Nunca planejou sentir. Mas quando os olhares começaram a se cruzar com uma intensidade nova, quando as portas ficaram entreabertas e os corpos clamaram por toque, tudo mudou.
Esta é a história de um amor proibido que nasce onde ninguém imaginava — e que, mesmo na sombra da culpa, se impõe como fogo impossível de apagar.
Vanessa era uma mulher que já vira muito da vida. Fotógrafa, viúva cedo, dona de curvas que chamavam olhares e um olhar que desarmava. Sua voz, rouca e baixa, parecia feita para sussurrar segredos. Seu corpo, moldado pelo tempo e pela dor, mantinha-se firme como uma promessa. Cuidara de Thiago desde criança, e ele cresceu sob sua proteção, como se fosse seu próprio filho.
Mas o tempo não perdoa nem poupa. Cresceu nele a barba, os músculos, a consciência de si mesmo. E cresceu também, em Vanessa, uma estranha inquietação — aquela que surge no peito e desce até o ventre, insistente, traiçoeira.
Foi numa tarde quente de verão carioca que tudo começou a se desenrolar. Ela passava pelo corredor, distraída, envolta num vestido leve que mal disfarçava suas formas. O vapor escapava do banheiro, a porta entreaberta. E lá, atrás da cortina translúcida, estava ele — Thiago, nu sob o jato d'água, o corpo esculpido delineado pelas gotas que escorriam por sua pele. Ela viu, sem querer, ou talvez com um desejo reprimido que nem ousava confessar. E ali, por um instante fugaz, sentiu o coração parar e o calor subir.
Desde então, os olhares mudaram. As palavras trocadas à mesa do café da manhã ganharam duplo sentido. Ele sorria com os olhos, ela respondia com o corpo inteiro — mesmo que seus lábios negassem. Havia uma dança silenciosa entre eles, cheia de pausas e aproximações, de recuos e convites. Thiago, com sua beleza quase cruel, parecia saber exatamente o efeito que causava. Andava pela casa com uma segurança que beirava o provocativo, deixando entrever mais do que devia.
Ela tentou fugir. Trancou-se no estúdio, buscou refúgio na arte, mas até as poses dos modelos que fotografava lembravam-lhe aquele corpo másculo, aqueles olhos verdes. À noite, sozinha, tocava-se imaginando-o, enquanto os gemidos eram abafados pelos travesseiros. Era errado, sim, mas o prazer não respeitava moralidade.
Até que uma sexta-feira à noite selou o destino dos dois.
Ela ouviu os gemidos antes de ver. A porta do banheiro, novamente entreaberta. Lá dentro, Thiago se masturbava, murmurando seu nome como um mantra. Foi o suficiente. Algo dentro dela rompeu-se. Sem pensar, entrou. O vestido deslizou por seus ombros, revelando a pele úmida de suor e desejo. Ele a olhou, surpreso, mas não resistiu. Tudo o que havia sido contido explodiu em movimentos lentos, em toques urgentes, em palavras sussurradas entre dentes.
No box do chuveiro, a água quente misturou-se ao calor de seus corpos. Os seios dela roçaram o peito dele, os dedos dele mergulharam em sua cintura, e a boca... ah, a boca dela envolveu-o com uma entrega que não podia ser fingida. Era fome, era sedução, era rendição.
Ela o guiou. Mandou. Quis. Precisou. E ele obedeceu, com a força de quem sabia que, desde sempre, pertencia a ela — e que agora, finalmente, poderia mostrar isso.
Quando ele a penetrou, foi como se o mundo tivesse parado. O encontro de dois corpos que se conheciam há anos, mas só agora verdadeiramente se encontravam. A dor inicial foi breve, logo substituída pelo prazer que a dominava por inteiro. E quando gozaram, juntos, era como se cada célula de seus corpos tivesse sido reacendida.
Naquela noite, o limite entre certo e errado dissolveu-se como sal na água. Vanessa saiu do banheiro tremendo, o coração partido entre a culpa e o desejo. Sabia que aquilo era impossível. Que ele era proibido. Que o mundo jamais entenderia.
Mas, ao mesmo tempo, soube com certeza que não poderia voltar atrás.
Thiago tornou-se seu segredo mais bem guardado. Seu vício. Seu refúgio. E embora o pecado pesasse, havia um prazer maior: o de amar alguém que a conhecia por inteiro — e ainda assim a queria.
Afinal, o desejo não escolhe nomes, laços ou regras. Surge onde menos se espera, e quando bate à porta, muitas vezes não há força capaz de impedi-lo.
Ela nunca mais seria a mesma.
Ele tampouco.
E entre as paredes daquele apartamento, onde o mar batia longe e o calor os envolvia, algo novo nascia: um amor que, mesmo em segredo, era imenso.




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