O Personal da Academia


Há encontros que nascem de um olhar, outros que se anunciam em um toque. E há aqueles que se insinuam lentamente, como uma promessa silenciosa no ar pesado de suor e ameaça. Foi assim que tudo começou — entre o tilintar das barras de ferro e o murmúrio abafado dos aparelhos da academia. Uma tensão elétrica, quase imperceptível, crescia a cada exercício, a cada movimento calculado. Eu não sabia ainda, mas estava prestes a ser surpreendida por um desejo que não podia mais ser contido.
 
Era uma tarde qualquer em São Paulo, típica no clima, atípica na alma. Meus cabelos ruivos, sempre desobedientes, escapavam do coque malfeito enquanto eu me concentrava (ou fingia se concentrar) nos exercícios. Ricardo, o treinador, era impossível de ignorar — alto, moreno, com um corpo esculpido como se tivesse saído diretamente de uma página de arte contemporânea. Seus olhos castanhos eram profundos, sua voz, baixa e firme, parecia atravessar as paredes do meu peito. Ele corrigia posturas com mãos seguras, falando próximo ao ouvido do aluno, quase como quem sussurra segredos.
 
Eu queria atenção. Não a dele como instrutor, mas como homem. Decidi provocar o destino. Escolhi a remada baixa, e ali estava eu, propositalmente errando a técnica. Ele veio, é claro. Sentou atrás de mim, suas pernas grossas encaixadas nas laterais do banco, seu braço passando sobre o meu para ajustar o movimento. Toquei-o então — primeiro os bíceps, depois a coxa, subindo devagar, sentindo o calor pulsar sob o tecido da calça. Seu corpo endureceu. Ele não disse nada, mas respirou fundo, como quem tenta conter um incêndio dentro de si.
 
Não fiquei com vergonha. Pelo contrário. Repeti a cena, e ele voltou. Desta vez, joguei-me contra seu colo, sentindo o volume crescer sob mim. “Você está me deixando excitado”, murmurou, com a voz trêmula. “Depois não reclame das consequências.”  
“É isso que eu quero,” respondi. “Vamos para algum canto.”
 
Ele resistiu. Sabia que estávamos sendo observados. Mas eu não tinha medo. Olhava-o com ousadia enquanto fazia os exercícios de glúteos, de quatro, sentindo seus olhos me consumirem. Então ele se aproximou, abaixou-se e disse apenas:  
“Me acompanhe.”  
E eu o segui, sem hesitar.
 
O banheiro dos treinadores era pequeno, fechado, cheirando a loção pós-barba e suor. Mal a porta se fechou e já estávamos envolvidos em um beijo que parecia resgatar anos de desejo acumulado. Suas mãos exploraram meu corpo com reverência e urgência, descendo até o ponto onde a excitação era palpável. Beijou-me por inteiro, incluindo lugares onde ninguém jamais havia estado. Surpreendi-me com o cuidado, com a entrega.
 
Virou-me de frente para a parede. Levantou minhas mãos acima da cabeça. Um tapa leve, quase simbólico, ecoou na minha bunda, marcando o início de algo selvagem. A ereção dele era imensa, e quando finalmente adentrou meu corpo, não foi delicado. Foi intenso, quase violento, como se estivesse reivindicando algo que já era seu por direito. Cada investida era um trovão, cada gemido, um grito mudo de prazer.
 
Foi ali, presa entre a parede fria e o calor pulsante de seu corpo, que experimentei algo novo. Um orgasmo diferente, mais profundo, que vinha do âmago, como se todo o meu ser estivesse conectado àquela invasão. Eu não era mais apenas carne, era chama viva, era desejo manifesto.
 
Mudamos de posição. Queria ver seus olhos, sentir seu peso sobre mim. Enrolei minhas pernas ao redor de sua cintura, e ele me ergueu com força. Os beijos se misturavam aos movimentos, línguas travando batalhas paralelas às investidas. Quando ele gozou, foi como se o mundo parasse por um instante. O líquido quente escorreu por mim, e eu sorri, satisfeita. Ninguém nunca havia me possuído daquela forma.
 
Hoje, toda vez que entro na academia, lembro daquela sensação de liberdade e entrega. Ricardo e eu mantemos um acordo tácito — olhares que se cruzam, gestos sutis, um jogo de poder e desejo que persiste. Mas aquela primeira vez... aquela foi única. Um momento onde o proibido se tornou realidade, onde o desejo não precisou de palavras explícitas, apenas de corpos que sabiam o que queriam.
 
Pode haver moral nisso? Talvez não. Mas aprendizado, sim. Que às vezes, o que buscamos não é apenas prazer, mas conexão — mesmo que efêmera. E que a vida, em suas formas mais inesperadas, sabe nos surpreender com momentos que ficam gravados na pele, na memória e, por que não, no coração.

Comentários

Postagens mais vistas