Hora Extra, Prazer Dobrado
Naquela tarde de sexta-feira, o ar carregado no escritório não vinha apenas do calor abafado do verão, mas de algo mais denso — uma tensão invisível, como se o próprio ambiente sentisse que algo prestes a acontecer se aproximava.
Clarissa digitava concentrada, os olhos fixos nas planilhas enquanto o resto do prédio já começava a esvaziar. Desde a reestruturação da empresa, os dias haviam se tornado mais longos, e as noites, inevitáveis. A nova chefia também não ajudava: Sérgio, o recém-contratado gerente, impunha presença. Alto, pele morena marcada pelo tempo, voz firme, olhar de quem estava sempre dois passos à frente — e com um rumor que o precedia. Diziam que colecionava histórias em bastidores de escritórios. Clarissa, apesar de não se deixar impressionar facilmente, sentia um leve arrepio cada vez que ele a encarava por tempo demais.
Era quase 20h30 quando Nilva, sua colega de setor, recebeu uma ligação. A filha pequena passava mal. Sérgio a dispensou sem hesitação, e Marcelo — um antigo conhecido de Clarissa, com quem ela já dividira mais que confidências — se ofereceu para levá-la. Restaram apenas os dois.
Ela não percebeu de imediato o silêncio. Só quando ele se aproximou por trás e pousou as mãos sobre seus ombros é que sentiu o mundo desacelerar.
— Relaxa... — murmurou ele, os dedos firmes encontrando exatamente onde o dia havia deixado sua tensão. — Já é tarde, ninguém vai nos interromper.
Clarissa não respondeu, mas também não recuou. A massagem era precisa, lenta, e seu corpo, exausto, cedeu. Quando ela baixou os braços, deixando-se envolver por aquela sensação morna e envolvente, sentiu-o inclinar-se, sua respiração quente roçando a pele do seu pescoço.
— Está mais calma agora? — sussurrou ele, a voz grave tocando fundo como uma nota de contrabaixo em sua pele.
Um arrepio percorreu-lhe a espinha. Ela virou o rosto, hesitante.
— Sérgio... eu sou casada.
Ele não recuou. Seu hálito tocou a curva de sua nuca antes que dissesse, em tom quase possessivo:
— Só o Marcelo pôde provar de você? Eu também quero...
A frase era audaciosa, mas dita com tamanha certeza que a resistência de Clarissa desabou. Ela se virou num gesto instintivo e o beijou, um beijo lento, profundo, daqueles que não perguntam — tomam.
Quando ele a ergueu da cadeira, ela se deixou guiar. Sentou-se sobre a mesa, derrubando papéis e canetas como se tudo ali deixasse de ter importância. A camisete se abriu sob os dedos dele, revelando a pele quente sob o sutiã. Seus seios, antes contidos, agora eram tocados com avidez. Ele os explorava como se tivesse sede.
A respiração dela era entrecortada. A cada gesto, sua consciência dissolvia-se, como açúcar em café quente. A calça foi retirada com firmeza. Ele a beijava enquanto seus dedos deslizavam com perícia por entre as rendas, encontrando-a úmida, entregue. Ela arfava, rebolando contra os toques, sem nenhum pudor — apenas desejo.
Quando ele se ajoelhou e sua língua a encontrou, um gemido escapou, rouco, involuntário. O prazer foi rápido, intenso, líquido. Ela arqueou as costas, entregando-se ao impulso do próprio corpo.
Sérgio então se despiu, e por um instante, encarou-a com olhos famintos.
— Você é mais do que imaginei — disse ele, e ela respondeu sem hesitação:
— Então cale a boca e me mostra.
Ele a penetrou com vigor, e ela sentiu o impacto como um choque delicioso. Era grosso, firme, preenchendo-a por inteiro. Curvada sobre a mesa, ela gemia enquanto ele a tomava por trás, e mesmo assim encontrava espaço para os dedos dele brincarem com seus seios, para a boca dele buscá-la em beijos ofegantes.
Estava entregue. Totalmente.
Foi então que notou, na porta entreaberta, Marcelo. Os olhos dele fixos nela, o desejo estampado sem disfarce.
Sérgio a observou. Um olhar bastou.
— Posso chamá-lo? — perguntou ele, quase com reverência.
Clarissa hesitou um segundo. Seu corpo, porém, já havia decidido. Ela assentiu.
Marcelo entrou, e o clima mudou. Ela cavalgava Sérgio com os olhos semicerrados, os cabelos colados à testa pela transpiração, enquanto sua boca recebia Marcelo com voracidade. O desejo a fazia esquecer de tudo — da moral, das convenções, do mundo lá fora. Era puro instinto, puro gozo.
Em algum momento, Sérgio a envolveu por trás novamente, e Marcelo tomou seu lugar entre suas pernas. As sensações se sobrepunham como ondas — quentes, molhadas, profundas. Ela já não sabia mais de onde vinha o prazer, apenas que era muito, e que era inevitável.
Quando Marcelo sugeriu algo mais, ela não recuou. Apenas se virou para Sérgio e disse, com a voz rouca de desejo:
— Segura firme... ele vai entrar.
O corpo resistiu no início, mas logo se moldou ao novo prazer. Os dois a preenchiam — um atrás, outro à frente — e ela, arqueada, gemia em um estado que beirava o delírio.
Quando o orgasmo chegou, veio como um vendaval. Seu corpo inteiro tremeu, os músculos contraídos, a boca entreaberta em um grito que ninguém ali tentou conter. Primeiro Marcelo, depois Sérgio — ambos se entregaram sobre ela, como que reverenciando sua entrega absoluta.
Ela ficou ali, deitada no chão frio do escritório, respirando com dificuldade, os cabelos colados ao rosto, o corpo ainda pulsando em espasmos involuntários. Sérgio a beijou na testa, acariciando seus cabelos. Não disseram nada.
Quando finalmente se vestiu e foi levada para casa, o silêncio era tudo o que lhe restava. No banho, a água quente escorria entre suas pernas ainda sensíveis, e a lembrança da noite colava-se à sua pele como um perfume indecente. Na cama, o marido quis saber por que ela estava tão calada.
— Só estou cansada, amor. Muito cansada.
Mas, dentro de si, Clarissa sabia: algumas noites, mesmo depois que o expediente termina... é quando o verdadeiro trabalho começa.




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