Lívia, Alex e o Fogo de Simone
A tarde escorria quente pelas paredes da casa, tingindo os azulejos de âmbar. Simone, de cinquenta anos, carregava no corpo os vestígios do tempo com altivez: curvas firmes, pele morena que reluzia à luz, cabelos longos e negros que desciam como seda sobre os ombros. A vaidade era, para ela, uma extensão do prazer de existir — gostava de se sentir desejada, viva, inteira.
O filho havia saído para jogar bola com os amigos, e ela aproveitava a solidão da casa para respirar. Mas o silêncio foi interrompido pela campainha. Era Alex, o melhor amigo do filho — um rapaz de trinta anos, alto, pardo, de músculos torneados e olhos que pareciam conter algo não dito. Ele apoiava o corpo semi-desmaiado do filho nos ombros. Estava bêbado, como tantas vezes antes. Simone apenas suspirou.
— Deixa ele aqui comigo, Alex. Obrigada por trazê-lo.
Instantes depois, o filho dormia profundamente, e os dois estavam sozinhos na cozinha. Simone ofereceu um café, notando que Alex também havia bebido um pouco. O cheiro forte da bebida invadiu o ambiente, misturando-se ao calor que nascia entre eles — algo silencioso, mas denso. Ela comentou sobre a preocupação com o filho, tentando dissipar o clima. Mas Alex segurou sua mão.
— Você é uma mulher admirável, Simone... Ele tem sorte de ter você.
O toque permaneceu. Os olhos dele buscavam os dela com uma ternura inesperada. Um arrepio percorreu o braço de Simone, como se algo há muito contido finalmente respirasse. E então, o beijo — calmo no início, quase tímido, mas logo repleto de desejo contido, de urgência adormecida.
O corpo dela se acendeu em resposta. Quando sentiu os dedos de Alex explorando suas coxas, subindo com precisão até alcançar as curvas por trás do short, sua pele pareceu arder. O mundo, de repente, era feito apenas de toques, respirações e pulsos acelerados.
Simone o conduziu pela mão até seu quarto, como quem atravessa uma fronteira que já fora cruzada há muito tempo em pensamento. Ali, os corpos se entrelaçaram com uma fome quase cerimonial. A roupa caiu como folhas no outono, e o calor do contato espalhou-se pelo quarto como perfume.
Ele a pegou em pé, virando-a de costas diante do espelho. Simone empinou o quadril com ousadia, sentindo o membro rígido dele se pressionar contra sua pele. Ela rebolava, provocando, sussurrando contradições como quem brinca com o fogo: “É melhor parar...”, e no segundo seguinte, empurrava-se para trás, convidando.
Os beijos em sua nuca, as mãos firmes em seus seios, o calor, o som abafado dos corpos se procurando... Tudo era uma combustão controlada. Quando sentiu Alex tentar explorar um caminho inesperado, houve um instante de tensão. O corpo dela resistiu, mas o desejo, confuso e latente, assumiu o comando. A dor do início se transformou lentamente em uma sensação cheia, densa, profunda.
O quarto foi preenchido por respirações cortadas, gemidos contidos, mãos tapando bocas, olhos fechados em êxtase. Alex a tomava com força, mas também com reverência, como se soubesse que estava atravessando um limiar sagrado. E quando o clímax veio, veio como maré cheia, alagando cada centímetro da pele.
Deitaram-se juntos depois, suados, exaustos. Simone ouvia sua própria respiração desacelerar e pensava: fazia anos que não se sentia assim. E então, notou as ligações perdidas no celular — sua melhor amiga, Lívia, já esperava no portão.
Depois de um banho apressado, desceu com Alex, que ainda estava ali, calmo, sorridente. Lívia a olhou de cima a baixo com um sorriso malicioso.
— Ele veio te ajudar a cuidar do seu filho? — disse com ironia leve.
Simone apenas riu, tentando parecer casual. Mas não teve tempo de esconder nada, pois Lívia, impensadamente, convidou Alex para ir com elas ao pagode. Ele aceitou.
A noite seguiu embalada por risos, música e cerveja. Mas o que Simone não esperava era a revelação sussurrada em seu ouvido, mais tarde, por sua amiga: Alex já estivera com Lívia antes.
Na volta para casa, entre o riso e o álcool, a tensão se instalou. Lívia, sempre destemida, olhava para Alex com um brilho provocador. E Simone, ao invés de se sentir traída, sentiu... curiosidade.
Na sala, agora em penumbra, o silêncio se impôs como um convite. Lívia se aproximou de Alex, e os dois se beijaram, lentamente, diante dos olhos de Simone. Ela hesitou — mas não fugiu. A cena despertava algo adormecido dentro dela.
Quando Lívia se voltou para Simone e tocou sua mão com suavidade, o gesto foi como uma chave. Seus lábios se encontraram com uma lentidão elétrica. O gosto de vinho e desejo se misturava entre as duas. Alex as observava, o peito arfando em silêncio.
Foram juntos para o quarto. As roupas caíram aos poucos, os corpos se entrelaçaram em dança muda. Simone era tocada por mãos que às vezes não sabia a quem pertenciam. Beijos, carícias, gemidos abafados. O prazer vinha de todos os lados — do calor da boca de Lívia, da força dos quadris de Alex, da fusão entre ternura e intensidade.
Às vezes era ela entre os dois. Outras vezes, observava os dois juntos e se sentia embriagada por aquela liberdade crua, íntima, real. O corpo já não era apenas um corpo — era memória, descoberta, reinvenção.
Quando os três caíram exaustos sobre os lençóis, a respiração entrecortada era a única música no quarto. Simone sorriu, de olhos fechados. Havia vida, ainda. Desejo, liberdade, prazer.
E talvez, só talvez, fosse esse o verdadeiro segredo da maturidade: não perder a capacidade de se surpreender com o próprio fogo.




Comentários
Postar um comentário