Na Academia, O Treino Virou Prazer

 
Helena acordou com o sol entrando pelas frestas da persiana. O marido ainda dormia profundamente, exausto de mais uma semana de trabalho. Havia algo de confortável naquela rotina, mas também algo que lhe escapava — como uma promessa que nunca se cumpre. Após preparar o café da manhã, ela o beijou na testa e o observou sair com a mesma camisa social de sempre. Sabia que ele a amava. Mas também sabia que havia partes suas que ele jamais tocava — e talvez nem soubesse da existência.
 
Naquela manhã, ela vestiu pela primeira vez o novo conjunto de roupas de academia. Um top curto que realçava suas curvas, e uma calça legging cinza de tecido fino, quase translúcido. Não foi uma escolha inocente. Era como se, pela primeira vez em meses, ela estivesse disposta a provocar o mundo — ou a si mesma. Com fones no ouvido e um leve perfume no corpo, desceu os andares do prédio em direção à academia do condomínio.
 
O ambiente estava vazio. Ela respirou fundo e começou a se alongar, tentando se concentrar nos vídeos que baixara para guiar os exercícios. Mas logo percebeu que não estava mais sozinha.
 
Um homem alto entrou no espaço. Moreno, corpo marcado por músculos bem definidos, o braço direito coberto por uma tatuagem. A presença dele parecia preencher a sala, mesmo que silenciosa. Quando passou por ela, murmurou um "bom dia" acompanhado de um leve sorriso. Helena sentiu a pele se arrepiar, como se o ar tivesse mudado de temperatura.
 
Continuaram ali, cada um em seu canto, mas os olhares furtivos pelo espelho contavam outra história. Ela fingia assistir aos vídeos, mas seus olhos buscavam, vez ou outra, aquele corpo suado, os movimentos firmes, o som ritmado de sua respiração.
 
Quando ele se aproximou, a voz dele soou grave e gentil:
 
— Desculpa perguntar... Você começou a treinar há pouco tempo, né?
 
Ela retirou o fone, fingindo surpresa.
 
— Comecei sim. Deu pra notar?
 
— Um pouco. Eu treino há dois anos, já fui personal... posso te ajudar, se quiser.
 
O nome dele era Eduardo. Morava alguns andares abaixo. Começaram a conversar entre séries e instruções. Ele falava com leveza, e Helena se surpreendeu com o quanto estava confortável — mais do que deveria.
 
Em dado momento, ele perguntou:
 
— Você é casada?
 
Ela hesitou um segundo, depois respondeu com naturalidade.
 
— Sou, sim. Há cinco anos.
 
Ele assentiu, e por um instante os olhos dele percorreram o contorno da cintura dela. O elogio veio em seguida, sutil e direto:
 
— Com todo respeito... seu corpo está incrível. Não precisa de muito pra ficar ainda mais irresistível.
 
Helena sorriu. Uma mistura de vaidade e culpa escorreu por dentro dela como mel quente. A troca de olhares agora era mais frequente, o toque nas correções mais firme, a proximidade proposital.
 
No dia seguinte, ela se vestiu com mais ousadia. Calça justa, top curtíssimo, a calcinha de renda escolhida com um certo capricho oculto. Queria ser notada — por ele.
 
Eduardo já estava lá, sem camisa, o corpo coberto por uma leve camada de suor. Quando a viu, sorriu com os olhos. Começaram a treinar juntos, mas as palavras agora vinham carregadas de segundas intenções. Durante um intervalo, ele se sentou no banco e a convidou, num sussurro brincalhão:
 
— Vem descansar aqui comigo.
 
Helena hesitou por um segundo. Mas algo dentro dela — algo que dormia há muito tempo — a empurrou. Sentou-se suavemente sobre as coxas dele, os braços envolvendo o pescoço musculoso. As mãos dele encontraram sua cintura, e quando subiram um pouco mais, ela não recuou. Pelo contrário, inclinou o rosto e mordeu levemente o lábio.
 
— Seu marido tem sorte… mas acho que não faz ideia do que tem em casa.
 
Ela riu, quase em sussurro.
 
— Sorte... nem sempre é sinônimo de atenção.
 
O primeiro beijo veio como um relâmpago. Lento no começo, depois faminto. Ela interrompeu, o coração disparado.
 
— Aqui não... tem câmeras.
 
— Então vem comigo.
 
Subiram juntos, o elevador carregando uma tensão elétrica entre os corpos. O apartamento dele era simples, arrumado. Mas Helena não viu muito além do sofá. Assim que a porta se fechou, os corpos se colaram com urgência. Ela tirou o top, expondo os seios com naturalidade. Ele a deitou lentamente, a boca explorando cada centímetro com reverência e fome.
 
O tempo se dissolveu ali. Os movimentos eram cadenciados, alternando entre ternura e intensidade. Helena se entregava sem reservas, com os olhos fechados, sentindo o calor da pele dele contra a sua, o cheiro, o peso, os gemidos baixos, o sabor de algo novo e proibido.
 
Durante o clímax, ela pensou no silêncio da casa onde morava, na cama feita todas as manhãs, no marido que a beijara na testa. E, no contraste com aquele momento de pura entrega, compreendeu algo profundo: não era o corpo o que ela mais oferecia ali — era a parte dela que ninguém mais parecia ver.
 
Depois, ainda com os cabelos em desalinho e a pele marcada pelo desejo, ela vestiu o que restara da calça, recolheu as roupas e saiu pelo corredor de serviço, tentando escapar de qualquer olhar alheio.
 
Ao chegar em casa, o apartamento estava silencioso. O sol agora invadia a sala por inteiro. E, ao se olhar no espelho, ela não viu uma mulher arrependida — mas uma mulher despertada.

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