O Homem que Me Partiu ao Meio

 
A manhã ainda se espreguiçava quando Sônia abriu as cortinas da loja. O silêncio do shopping, vazio antes da abertura, contrastava com o turbilhão que dançava dentro dela. Desde que voltara dos Estados Unidos, seu corpo e sua alma haviam se desencontrado. Um casamento que se dissolvera no frio de Nova York e a ausência de prazer deixaram sua pele mais sensível ao toque do acaso.
 
Foi então que ele chegou.
 
Alto, pele cor de ébano e músculos que pareciam esculpidos com precisão, carregava duas caixas como se fossem feitas de algodão. Os olhos dela o encontraram, e o mundo pareceu desacelerar. O olhar que ele lançou sobre ela não era apenas de reconhecimento — era desejo cru, declarado, sem palavras.
 
— A senhora é a dona da loja? — perguntou, com uma voz grave e quente que vibrava no ar como trovão abafado.
 
Sônia sorriu, um gesto educado que escondia a descarga elétrica entre suas coxas. Algo nela despertava, algo que dormia havia tempo demais.
 
Com o passar dos dias, ele foi se tornando mais que um estoquista. Era presença. Era cheiro. Era tensão. Quando ela o convidou para acompanhá-la em uma visita à periferia da cidade, sabia que não era apenas por cortesia. Era o convite velado ao desconhecido.
 
Na manhã do sábado, Sônia se vestiu como há muito não se permitia: um vestido vermelho curto, provocante, como um sussurro entre os tecidos. Ao vê-la, ele não disfarçou.
 
— Hoje a senhora está linda demais...
 
No carro, o silêncio entre eles era denso. Ela cruzava as pernas, deixando vislumbres de pele, e ele não tirava os olhos. A certa altura, sem aviso, segurou a mão dela e a conduziu até o volume pulsante entre suas pernas.
 
A partir dali, palavras deixaram de ser necessárias.
 
Ele a despiu com o olhar, depois com os dedos. Ainda no carro, invadiu seu espaço com toques quentes e profundos, explorando-a com fome e reverência. Ela se rendeu, gemendo de prazer com a ousadia daquele homem que não pedia licença.
 
Mais tarde, na casa dele — simples, mas tomada por uma energia viril e crua — o que começou como tensão explodiu em desejo. Ele a despiu como se cada peça fosse uma promessa, adorou seu corpo com a boca e as mãos, lambeu seus segredos com uma língua ávida, e a penetrou com uma intensidade que a fez esquecer o mundo.
 
Ela teve múltiplos orgasmos. Gritou. Gemeu. Foi tomada por dentro e por fora. Sentiu-se quebrada e reconstruída. Pela primeira vez em muito tempo, não era esposa, empresária ou mulher ferida. Era apenas corpo. Era fogo. Era vontade.
 
Naquela noite — e nas muitas que se seguiram — entregou-se completamente a ele. Não por submissão, mas por liberdade. Porque nele encontrou o tipo de prazer que não se explica, apenas se vive.
 
E enquanto ele dormia, ainda dentro dela, Sônia sorriu.
 
Ela não era mais a mesma.
 
Agora, tinha um dono. E adorava isso.

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