Quando o Prazer Vem em Dobro
Clara tinha 38 anos e um magnetismo que não passava despercebido. Dona de uma beleza singular, sua pele dourada contrastava com os cabelos loiros ondulados que caiam sobre os ombros com naturalidade. O corpo escultural era fruto de anos dedicados à musculação, e por onde passava, olhares se viravam — admirados, curiosos, às vezes famintos.
Seu casamento com Rodrigo era sólido, mas como toda relação duradoura, vinha sendo moldado pelo tempo e pela busca de novas experiências. Ultimamente, durante momentos íntimos, ele sussurrava fantasias ousadas, propondo algo que a princípio a deixava em silêncio: dividir sua mulher com outro homem. Mais que isso — com um homem negro, alguém que ele mesmo escolheria.
A princípio, Clara hesitou. Mas a insistência de Rodrigo era gentil, quase hipnótica, e logo aquela ideia começou a se transformar em imagem, desejo e provocação. Sem perceber, ela já fantasiava sozinha. E quando ele lhe presenteou com um brinquedo de vinil de proporções generosas, Clara entendeu que o jogo já tinha começado. E ela estava envolvida.
Foi Rodrigo quem cuidou de tudo. Ele encontrou o homem certo, discreto, educado, e combinou um primeiro encontro em uma lanchonete no centro da cidade. Clara caprichou no visual — uma mini-saia branca, uma blusa amarela leve e saltos que valorizavam o desenho preciso de suas pernas.
Quando o viu pela primeira vez, Clara conteve o fôlego. O homem à sua frente era alto, de pele escura e luminosa, olhos calmos e voz grave. Um charme contido, porém poderoso. A conversa entre os três fluiu com naturalidade, mas Clara mal conseguia manter o foco — sentia um calor crescendo por dentro, uma antecipação quase impaciente.
Rodrigo, percebendo, sugeriu saírem para dar uma volta. No carro, Clara e o convidado foram para o banco traseiro. Rodrigo, silencioso, ajustou o retrovisor para vê-los — cúmplice atento e presente. No banco de trás, o toque começou sutil, explorando seus braços, suas coxas, até encontrar o caminho entre suas pernas. Clara suspirava fundo, o corpo inteiro em alerta. Em retribuição, sua mão também buscou algo, encontrando um volume que superava suas expectativas. As texturas, os cheiros, o silêncio entre os sussurros criavam uma tensão espessa, quase cinematográfica.
Rodrigo, agora excitado e fascinado, interrompeu: “Vamos a um motel.”
O quarto era amplo, silencioso, cúmplice. O banho dos três foi o prelúdio de uma noite que Clara jamais esqueceria. Ela estava no centro de tudo — de olhares, de toques, de vontades. O homem, que chamaremos de Davi, tinha um corpo imponente, e seu desejo por ela era explícito, mas envolto em uma gentileza firme.
Clara se ajoelhou lentamente, guiada pela fome que o mistério daquele corpo provocava. Seu toque era quase reverente. Enquanto isso, Rodrigo, como espectador e amante, explorava as curvas de sua esposa, como se a redescobrisse sob a luz de outra paixão.
Na cama, os corpos se entrelaçaram em diferentes composições. Clara entregava-se inteira, mas não como objeto — como protagonista do desejo que ela mesma havia acolhido e cultivado. O peso daqueles dois homens sobre ela não a esmagava; ao contrário, a fazia expandir-se em sensações novas, intensas, cruas. Era como se todo o seu corpo fosse feito de pele e nervos atentos. Ela queria tudo — e queria agora.
Gemidos abafados, palavras sussurradas com um misto de adoração e provocação, respirações entrecortadas, mãos que percorriam caminhos desconhecidos: o quarto parecia uma bolha fora do tempo. E quando o ápice chegou, foi como se Clara se fragmentasse em prazer — sem pressa, sem pudor, sem amarras.
O silêncio após o gozo era quase místico. Três corpos entrelaçados, ofegantes e saciados. Rodrigo a olhava com admiração. Davi, com um sorriso sereno. Clara, com os olhos semiabertos, ainda sentia o tremor suave das ondas que a atravessavam.
Aquela noite não foi um episódio isolado, mas a abertura de um novo capítulo — onde o desejo podia ser explorado com liberdade e cumplicidade. Rodrigo passou a entender que ver sua esposa desejada não era ameaça, mas celebração. E Clara, agora mais consciente de si, reencontrou no prazer partilhado uma nova forma de poder.
Ela já não era apenas a mulher desejada. Era a mulher que escolhia desejar — com intensidade, com coragem e sem vergonha de ser apenas pele e fogo.




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