Uma Noite na Van do Prazer

 
A noite descia preguiçosa sobre a cidade, tingindo de cobre as últimas fachadas iluminadas pelo sol. Em uma rua discreta, ao lado de uma praça silenciosa, um furgão repousava com os faróis apagados, quase invisível sob a sombra de uma amendoeira.
 
Ela chegou devagar, com passos leves e acelerados, como quem hesita entre a culpa e o desejo. Seu nome era Ayumi — trinta e poucos anos, pele de porcelana levemente bronzeada, cabelos escuros emoldurando o rosto com franjinhas curtas e bem aparadas. Usava um top de seda creme e uma legging preta que delineava suas curvas sem alarde, apenas o suficiente para provocar quem soubesse olhar com atenção.
 
Não era uma noite planejada, mas há encontros que se impõem. Uma amiga, uma conversa casual, e uma troca de mensagens que acendeu nela uma curiosidade quase primitiva. O homem, um desconhecido maduro, chamava-se Raul — um motorista de van que havia lhe enviado poucas palavras e uma imagem. A imagem bastou.
 
Ayumi se aproximou da van como quem atravessa um limiar íntimo. A porta do carona se abriu com um rangido discreto. Lá dentro, Raul aguardava. Corpo robusto, pele escura, olhos profundos, barba salpicada de cinza e uma jaqueta de couro que exalava masculinidade bruta. Ela hesitou por um segundo, mas entrou.
 
— Achei que viria alguém diferente — ele comentou, com uma voz grave que vibrava como trovão abafado. — Mas você… você é mesmo o que prometeu?
 
Ela sorriu com os olhos. Não respondeu. Em vez disso, deslizou lentamente até o assento mais próximo, ficando de joelhos entre os bancos. Os vidros escurecidos da van criavam um universo à parte, isolando-os da cidade lá fora. Era como se o mundo tivesse reduzido sua órbita ao calor contido entre aqueles dois corpos.
 
O silêncio foi quebrado apenas pelo som do zíper sendo puxado. Raul expôs-se sem pressa, e Ayumi apenas fitou por um instante — não de choque, mas de antecipação. Em suas mãos, um frasco de loção parecia brilhar na penumbra. Ela o usou com delicadeza, como se cultivasse algo precioso. As palmas se fecharam em torno dele, ritmadas, quentes. Era como acariciar uma fera adormecida.
 
Lentamente, ela o beijou com a boca, não apenas o corpo — um gesto que misturava devoção e controle. Raul fechou os olhos. Seus dedos tocaram os cabelos de Ayumi com reverência e fome. A cada movimento dela, sua respiração se tornava mais densa, mais primal.
 
Ela sentia o domínio que exercia sobre aquele homem — um gigante em força, mas refém de sua língua e do ritmo compassado de sua boca. Mas o controle era um jogo de vaivém, e em dado momento, Raul assumiu. As mãos firmes guiaram sua cabeça, os quadris se moveram com precisão, e Ayumi se viu imersa naquela dança silenciosa de entrega e resistência.
 
No fundo da van, envolta por bancos e tecidos, ela sentia o calor aumentar. Seus próprios músculos tremiam quando ele roçou sua mão pela curva de sua bunda, puxando devagar a legging. Sua calcinha rosa deslizava, revelando o frescor de uma pele que ainda não sabia se queria recuar ou se oferecer.
 
— Você é feita pra isso, sabia? — ele sussurrou, deslizando os dedos por suas coxas.
 
Ela não respondeu. Estava imersa demais na sensação — nos arrepios, no cheiro do couro e do lubrificante recém-aberto, na pressão lenta que a fazia abrir-se, milímetro por milímetro, até se tornar receptáculo do desejo alheio.
 
Houve dor, sim, mas também havia algo mais profundo: uma sensação de ser habitada, preenchida, possuída de forma cerimonial. Raul não era bruto — era intenso. Cada movimento seu parecia medido, estudado, como se esculpisse nela sua vontade.
 
E Ayumi, surpreendentemente, se viu entregue. A tensão que a princípio lhe apertava o ventre, dissolveu-se em ondas de prazer inesperado, como se algo há muito reprimido finalmente encontrasse passagem.
 
A cidade lá fora continuava, indiferente. Pessoas passavam, passos apressados cruzavam a calçada ao lado. Mas ali dentro, havia outro tempo. Outra temperatura. Outra Ayumi.
 
Quando tudo terminou, ela ficou alguns segundos sentada no banco, sem palavras. O corpo ainda vibrava em silêncio. A respiração voltava aos poucos. Raul apenas a olhou, com algo entre respeito e saciedade nos olhos.
 
— Você é mais do que eu esperava — disse, ajeitando a jaqueta.
 
Ela sorriu. Pegou sua blusa e, antes de sair, lançou um último olhar ao espelho retrovisor. Seus cabelos estavam desgrenhados, os olhos borrados de rímel, a boca entreaberta e vermelha.
 
Não era a imagem de uma mulher desfeita.
 
Era a imagem de uma mulher viva.

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