Desejo Entre Três

 
A sexta-feira se arrastava com o peso dos dias exaustivos. Elisa chegou em casa esgotada, o corpo tenso implorando por um alívio que não fosse apenas físico. Após um banho morno e demorado, vestiu um jeans leve, camisa solta e saiu — precisava respirar algo além de reuniões e obrigações.
 
A pequena lanchonete do bairro ainda tinha mesas ocupadas por casais sorridentes e amigos em conversas soltas. Ela escolheu uma mesa discreta, pediu uma cerveja gelada e deixou o tempo correr, sem pressa, sem cobrança. Foi então que os olhos dela encontraram um trio curioso: um casal maduro e uma jovem vibrante, com sorriso fácil e olhos curiosos. Não havia laço evidente entre eles, mas a conexão era palpável.
 
Elisa tentou manter a neutralidade, mas os olhares da jovem a encontravam com frequência, seguidos por sorrisos que misturavam provocação e curiosidade. Quando a mulher mais velha também a fitou com aquele mesmo brilho de cumplicidade silenciosa, algo dentro dela se remexeu — não desconforto, mas uma inquietação doce, quase infantil.
 
Foi quando o homem, educado e direto, a abordou com um convite inusitado: juntar-se à mesa para uma cerveja. Elisa hesitou por um segundo, mas aceitou. Os nomes vieram naturalmente: Roger e Paula, empresários serenos com elegância mundana. A jovem, Aline, era sobrinha deles, em férias. A conversa deslizou por temas leves, toques casuais e risadas honestas. Aline encostava-se nela, deixando o perfume juvenil e o calor da pele como lembranças em cada contato.
 
Dias depois, o convite para um novo encontro veio de Roger — algo sobre parcerias, uma conversa informal. O sábado chegou, e a casa onde Paula a recebeu parecia tirada de um cenário de filme: móveis suntuosos, iluminação suave, e ela... Paula, em um vestido de seda que delineava seu corpo com poesia perigosa. Os cabelos presos, o batom vermelho, o olhar que dizia mais do que os cumprimentos formais.
 
Durante a noite, as palavras foram dando espaço a silêncios cheios de promessas. Os olhares de Paula eram precisos, afiados como navalhas de desejo. Roger sorria, tranquilo, como quem já havia desenhado aquele momento antes mesmo que acontecesse.
 
— O que você acha da minha esposa? — ele perguntou, como se perguntasse a hora.
 
Elisa hesitou, mas não recuou.
 
— É impossível não notar a presença dela. É... desarmante.
 
Paula se aproximou, sentou-se ao seu lado com uma leveza que contrastava com a tensão elétrica que se espalhava pela sala. O toque de seus dedos foi gentil no início, como quem procura uma confirmação silenciosa. Mas logo se tornaram famintos. Beijou-lhe o pescoço com lábios quentes e uma respiração entrecortada.
 
— Hoje... você é todo meu — sussurrou, como um feitiço que não poderia ser desfeito.
 
O tempo se dissolveu. O sofá testemunhou movimentos que eram mais dança do que impulso, mais rendição do que pressa. Paula era intensidade com rosto de porcelana. Cada gesto seu era como uma pincelada de desejo líquido. Roger observava em silêncio cúmplice, os olhos entre o fascínio e o orgulho.
 
O que se seguiu foi mais do que uma troca de corpos — foi uma celebração do consentimento, do desejo partilhado, do prazer que não pedia desculpas.
 
Dias depois, um novo convite: o aniversário de Aline. Um presente surpresa. Elisa hesitou, mas aceitou — havia algo em Aline que a puxava para dentro de um espelho mais jovem, mais cru, mas igualmente intenso.
 
Na noite combinada, Aline chegou vendada, desconfiada, sorridente. Ao ver Elisa, seu sorriso se transformou em um rubor sincero. A timidez não durou. O toque veio como um reencontro de algo nunca vivido, mas esperado. Os beijos foram lentos, descobrindo pele por pele, gosto por gosto. Aline tremia de desejo contido, como se tivesse esperado uma eternidade para ser tocada daquela forma.
 
Quando Roger e Paula retornaram, o quarto já transbordava suor e gemidos. Mas ali, entre as mãos, os olhos e os corpos, não havia vulgaridade — havia partilha, entrega, liberdade.
 
Era uma casa de portas abertas para o prazer que não se envergonha. Uma experiência que Elisa não sabia se queria repetir ou eternizar — mas que, certamente, jamais esqueceria.

Comentários

Postagens mais vistas