O Despertar De Uma Viúva Fogosa

 
O ar da manhã em João Pessoa já nascia quente, úmido, carregado do aroma doce e quase melado das mangas maduras. Caía sobre os telhados, escorria pelas paredes, entrava pelas janelas entreabertas como um convite silencioso. Ela acordou com o corpo em chamas — não de febre, mas de memória. De desejo. De algo que nunca se apagou, mesmo depois dos anos, mesmo depois da ausência.
 
Edna — ou melhor, Dona Edna, como insistiam em chamá-la — tinha cinquenta anos, cabelos curtos cor de cobre queimado pelo sol, olhos castanhos que guardavam histórias não contadas. Viúva, sim. Sozinha? Nunca. A solidão era uma companheira educada, que sabia esperar — mas que, às vezes, batia à porta com insistência de amante ciumenta.
 
Naquela manhã, porém, não era a solidão que a acordara. Era o pulsar. Lento, insistente. Entre as pernas. Um latejar antigo, familiar. Como o canto do sabiá que vinha do quintal: previsível, mas sempre capaz de arrepiar.
 
Ela se levantou com a calma de quem sabe que o tempo, afinal, é cúmplice. Vestiu um vestido leve, deixou os pés descalços sobre o cimento fresco da cozinha. Preparou café, cortou manga, pensou em Vilma — a vizinha, a amiga, a mãe do menino quieto que sempre trazia pão, bolo, sorrisos tímidos e olhares desviados.
 
Roger.
 
Magro, alto, olhos baixos, voz quase sussurrada. Um rapaz que parecia ter medo até do próprio desejo. E ela — ela que já fora menina antes da hora, que aprendera cedo que o corpo é um território de descoberta, não de vergonha — sentiu algo se acender dentro de si. Não era só tesão. Era missão.
 
Quando Vilma chegou, Edna não enrolou. Sentou-a à mesa, serviu café, olhou nos olhos da amiga e disse, com a doçura de quem oferece um favor e a malícia de quem já planejou tudo:
 
— Vilma, seu menino precisa de uma… orientação.
 
E Vilma, que conhecia o mundo e seus segredos, sorriu. Não perguntou. Apenas assentiu.
 
Meia hora depois, Roger estava ali. Bermudas vermelhas, camisa branca, mãos trêmulas segurando uma forma de bolo como se fosse um escudo. Edna o recebeu com um sorriso largo, os quadris balançando levemente ao caminhar, o perfume de jasmim e suor quente pairando no ar entre eles.
 
— Senta, querido — disse, mas ele não sentou.
 
Ela não esperou. Aproximou-se. Pegou a mão dele — dedos longos, nervosos — e levou aos próprios lábios. Lambeu, devagar, a ponta do indicador. Depois, desceu, arrastando o toque pela própria cintura, pela curva do quadril, até onde o tecido do vestido começava a esconder.
 
— Mulher gosta de atitude, Roger — sussurrou. — E eu gosto de ensinar.
 
Ele engoliu seco. Os olhos arregalados, o peito subindo e descendo rápido. Ela viu o desejo nele — bruto, puro, assustado. Como um animal recém-liberto da jaula.
 
— Você sabe o que é punheta, né? — perguntou, rindo baixinho.
 
Ele corou. Assentiu.
 
— Então mostra.
 
E ele mostrou.
 
Não era “pauzinho”, como ela brincara consigo mesma. Era grosso, cabeçudo, pulsante. Jovem. Cheio de vida. Ela envolveu-o com a mão, sentiu o calor, o tremor, a urgência. Ele gozou rápido — um jato quente, espesso, inocente e desesperado — sobre a palma dela.
 
Ela sorriu. Ainda não tinha começado.
 
Levou-o ao quarto. A luz do sol entrava pelas frestas da cortina, pintando listras douradas sobre a cama. Ela guiou a mão dele — ainda úmida — até o tecido da calcinha. Sentiu o arrepio dele. Ouviu o suspiro. Viu o pau endurecer de novo, mais firme, mais confiante.
 
— Chupa — ordenou, puxando-o para baixo.
 
E ele chupou.
 
A língua dele era quente, inexperiente, faminta. Lambia como se estivesse aprendendo a ler um mapa antigo — hesitante no começo, depois ganhando coragem, descendo, pressionando, buscando o centro do prazer. Ela gemeu. Arqueou as costas. Puxou os cabelos dele com carinho e força. Era isso. Era isso que ela sentia falta. A boca jovem, o desejo sem culpa, a entrega sem pudor.
 
Beijou-o depois — sentiu o gosto de si mesma nos lábios dele, salgado e doce, proibido e delicioso. Empurrou-o contra a cama. Deitou-se. Abriu as pernas.
 
— Entra — disse, sem cerimônia. — Entra e me come como se eu fosse a última mulher do mundo.
 
E ele entrou.
 
Com força. Com medo. Com fome. Com tudo.
 
Agarrou seus seios, apertou, sugou os mamilos que endureceram como cerejas maduras. Meteu com vontade, com ritmo descompassado, com gemidos abafados que escapavam entre os dentes cerrados. Ela gritava, pedia mais, mandava apertar, enfiar, não parar. Gozou uma vez. Duas. Três. A cama rangia, o suor escorria, o ar cheirava a sexo, a manga, a juventude e a mulher madura que ainda sabia como se queimar.
 
— Tira — sussurrou, quando sentiu que ele ia gozar de novo. — Goza dentro. Quero sentir tudo.
 
E ele gozou.
 
Quente. Espesso. Generoso.
 
Ela sorriu, satisfeita. Virou-se de lado, puxou-o para junto de si, beijou sua testa suada.
 
— Agora você é meu aluno — disse. — E a aula não acabou.
 
A tarde inteira foi uma sucessão de corpos, de gemidos, de descobertas. Ele aprendeu a morder sem machucar. A beijar o pescoço enquanto penetrava. A olhar nos olhos dela quando gozava. Ela ensinou com paciência de mestra e fome de discípula — porque ensinar também era se entregar. E se entregar, para Edna, sempre fora o maior dos prazeres.
 
Quando ele foi embora — cambaleante, sorridente, com a bermuda torta e o olhar de quem acabara de descobrir um continente — ela ficou deitada na cama, as pernas ainda trêmulas, o cheiro dele misturado ao dela, o gosto do sal e do mel ainda na pele.
 
Não se limpou. Deixou a calcinha encharcada como troféu. Como promessa.
 
À noite, deitada sob o lençol úmido, Edna pensou em Roger. No jeito como ele a olhara no final — não como “Dona Edna”, mas como mulher. Como desejo. Como professora, sim, mas também como igual. Como cúmplice.
 
Ela sorriu no escuro.
 
Sabia que ele voltaria. Que outros viriam. Que o corpo, mesmo aos cinquenta e cinco, ainda era um território em chamas — e que ela, longe de apagar o fogo, preferia atiçá-lo. Com as mãos, com a boca, com a paciência de quem sabe que o prazer não tem idade. Só tem fome.
 
Ela pegou o vibrador, encostou-o suavemente entre as pernas — ainda sensíveis, ainda pulsando — e fechou os olhos.
 
Imaginou um outro menino. Outro sorriso tímido. Outra lição por vir.
 
O sabiá cantou de novo, lá fora.
 
Ela suspirou.
 
Estava apenas começando.

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